TEMPESTADE
Tião Queiróz
Lá vem você de novo
soprando forte as minhas velasarrancando meu mastro
com as próprias mãosinvadindo minha escotilha
com sua língua de sal
e como se meu convés não lhe conviesse...
porque quiseste então tanto o meu mal?
porque quiseste então tanto a minha nau?
guardo memórias das tuas ondas
sobre o meu corpo
guardo lembranças das tuas calmas águas
e do teu porto
guardo em mim o cheiro e a marca das tuas
tuas marés
e o triscar das minhas redes nas tuas encostas
seus grunidos de gaivota
cortejando o ar
lembro ti ver sorrindo em meu tombadilho
e revirando os olhos
provocando os ventos
mas sei das nossas aventuras
sei do nosso idílio
noite e madrugada adentro
sei dos teus desatinos
nua dançando pela prancha
e nem bem sei quem tu és
sei que tu vais embora
com o primeiro clarão do dia
e depois impera a calma, a calmaria
e não sei se ti chamo de serva,
senhora?
mulher vadia?
Do que vou ti chamar?
- Sua majestade a tempestade em alto mar -
Como sentir-se?
A V A S S A L A D O R A!!!