SENTIDOS...
Eis o império mais doce e mais cruel
Inteiramente situado dentro do ser!
Sem muros, sem amarras
Faz-nos Imperadores e escravos
Inteiramente situado dentro do ser!
Sem muros, sem amarras
Faz-nos Imperadores e escravos
Sentir...
A toque suave da mão que te segura
e te apresenta o mundo
A doce voz que te embala o sono
O aroma de quem te alimenta de carinho,
te prepara o ninho e te aconchega
Sentir...
As alegrias da inocência que te fazem sorrir
As tristezas das separações
que te fazem forte
As surpresas das descobertas
As surpresas das descobertas
que te causam pasmo, brilham nos olhos
e te fazem feliz
Sentir...
O entusiasmo da amizade
que enche o coração
As iras que te fazem inconstante
O gosto agridoce das primeiras paixões
que preenchem os sonhos
Sentir...
A doçura do primeiro beijo
O rubor da primeira paixão inocente
A vergonha de sentir
A doçura do primeiro beijo
O rubor da primeira paixão inocente
A vergonha de sentir
e não saber disfarçar nem conter
Sentir...
A paixão que dilacera a alma
A loucura que despedaça a calma
A tristeza que mata o ser
e ensina a renascer
e alimenta os olhos
A umidade que aquece a carne
A secura que molha a boca,
A umidade que aquece a carne
A secura que molha a boca,
que tira a roupa, e faz gemer
O pulsar do corpo lascivo que fecha os olhos
Que amarra os pulsos pra soltar a mente
Que puxa a nuca
Que beija a boca
Que morde
Que amarra os pulsos pra soltar a mente
Que puxa a nuca
Que beija a boca
Que morde
Sentir...
A paz dos corpos suados
Dos beijos molhados
O prazer bebido em goles
Quase morte... sem sentidos
Insensível... Quase vivo...
Sentir...
A alegria da vida que renasce
A tristeza da vida que se vai
A saudade que nunca passa
O movimento que recomeça
Sentir ...
O tempo que corta tal qual lâmina fria
Que pesa nos ombros
Que abre a mente
Que enche a alma
Que traz a calma buscada a vida inteira
e sentimentos
Nessa corda bamba que nos impulsiona
para o lado que o vento sopra
Que nos equilibramos durante a existência
Entre prazeres e tristezas
Agonias e gozos
Iras e paz
Nessa corda bamba que nos impulsiona
para o lado que o vento sopra
Que nos equilibramos durante a existência
Entre prazeres e tristezas
Agonias e gozos
Iras e paz
Mas é neste império de sentidos, de sentir, de querer,
que vivemos como imperadores e súditos
e, sendo nós, meros viventes
Não podemos abrir mão de tamanho tesouro
Pois de que adiantam palavras
Se é sentindo que estampamos em nosso ser
Seja dor ou prazer
Surpresa ou ponderação
Aquilo que realmente somos?
por Cau Alexandre
Imagens: Gettyimages
No Player:
Nina Simone - Feeling Good