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06 novembro, 2007

Pensamentos tardios...

Por Clau Alexandre

Sabe, estava pensando aqui "cá com meus botões".
Deveria ser terminantemente proibido a qualquer 'ex', de qualquer espécie, o direito de voltar e dizer: "Sabe, descobri que quero você novamente" ou "Você sabe que me faz feliz" ou "Sinto saudade de você".
Sei que possivelmente, mesmo eu já tenha feito isso algumas vezes, assim como você e tantos outros. Sei que pode parecer muito duro, já que todos têm o direito ao arrependimento, a mudança de pensamento ou opinião. Mas vocês hão de convir comigo, muito mais duro é o tempo que se leva pra assimilar um "fim", "acabou".
Não, não estou falando de negar o fato, pôr um sorriso hipócrita e tão amarelo quanto falso nos lábios, em nome de um suposto pensamento positivo, 'up', que tudo ficará bem se você sentir-se bem.
Ah! Faça-me o favor... A criatura se sentindo um lixo, deixada de lado, trocada, abandonada, sozinha, um trapo humano (Tudo bem tô exagerando... mas vão me dizer que não é assim que todos, homens ou mulheres, se sentem?) e ainda ter que pôr um sorriso ridículo na cara pra que os demais seres vivos ao redor não se sintam incomodados com a sua tristeza?
Já ouvi e já disse algumas vezes também (não sou adepta a esconder minhas próprias mazelas): "Não quero que sintam pena de mim!". Mas de que adianta esconder dos outros, se nesse momento a gente só se enche de uma puta de autocomiseração?
Alô!!!! Galera!!! Todo fim dói muito!
Mesmo aqueles já "com morte anunciada". Mesmo os agendados. Mesmo aqueles que eram mais certos que o começo. Todo fim dói.
Eu me recuso a vestir a máscara do "tudo bem" enquanto morro por dentro. Sem exageros é claro, que ninguém tem obrigação de me agüentar... Mas daí a ter que estar "suuuuuuuuuuuperrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr bem" sempre e o tempo todo, nem pensar. Não gostou do meu estado de espírito? Dê-me espaço, vai ver eu realmente preciso respirar um pouco sozinha. Quer ajudar? Fica ali do lado, segura na mão, oferece colo, ombro... Mas deixa essa dor sair.
Acho que é como minha mãe dizia dos pequenos furúnculos que aparecem nas crianças: "Quando estourar tem que sair tudo. Se guardar é pior".
A isso eu chamo 'coerência comigo mesma'. Se me alegrou, eu sorrio. Se doeu, eu grito. Se me entristeceu, eu choro. Não adianta tentar enganar os outros, quem dirá a si mesmo!
Somos seres sociais, se é que vocês ainda não perceberam. A gente endoida se não tiver ao menos um tonto na linha do outro lado dizendo: "Em que posso ajudá-lo?" (sem falar no que se dizem 'ilhas', mas não vivem sem a nova modalidade de 'rocha para ermitãos', chamada Internet. Sozinho, porém com bilhões de pessoas). No fundo, queremos alguém pra partilhar, não precisa ser namorado ou namorada, marido ou esposa, amante. Pode ser amigo, colega, contato no MSN, Chat, orkut, 'yogurte', "qualquer-desses-uts-da-vida-hoje". E é por isso que o 'fim' dói.
Sentimos a perda, a falta. Parece que o mundo acabou pela falta de um. Parece que a dor é tanta, como se tivessem levado um pedaço de nós junto com eles.
Dói
Machuca
Dilacera
Faz as lágrimas descerem copiosas pelo rosto.
Tira-nos a vontade de estarmos com todos os outros milhares de pessoas que estão, e continuam ao nosso redor.
Até que percebemos justamente isso. Temos milhares de pessoas ao nosso redor. Boas pessoas, pessoas engraçadas, pessoas amáveis, pessoas certinhas, erradinhas, cuidadozinhas, estabanadinhas e por aí vai.
E eu não estou falando em viver um dramalhão mexicano por-todos-os-sofríveis-últimos-anos-da-vida. Não é isso! Porque até os/as muito sofridos (as) heróis/heroínas mexicanas têm finais felizes. Que ninguém é de ferro, né? Nem nas novelas!
Tô falando em dor, sofrimento natural, sentimento.
Com o tempo a gente volta a sorrir, com o tempo a gente volta a perceber as pessoas, as coisas, as cores, as belezas. Com o tempo. E por mais que seja um ditado batido: O Tempo cura! E não tô falando em esquecer, mas de curar. Como a feridinha, que deixou a cicatriz, mas não dói mais. Curada.
É um ciclo natural. Se alguém não consegue sair disse precisa mais que ombro ou lencinho, precisa se tratar: "Porque não há dor que dure para sempre".
Só, que nesse meio tempo, entre a ferida aberta e a cicatriz, alguns dos digníssimos senhores e senhoras portadores do "fim", "não dá mais", "é melhor a gente dar um tempo", "acho que não podemos mais ficar juntos", "precisamos de espaço", "vai embora", "me esquece", etc-e-tals, resolvem que precisam de nós, que necessitam dramaticamente da nossa presença, que carecem desesperadamente que voltemos pra eles/elas.
Bom, quem nunca fez isso que atire a primeira pedra (mesmo que tenhamos que nos esconder atrás do escudo pelas pedras dos hipócritas). Mas se me permitem um desabafo: VÁ SE DANAR!!!!
Dias de dor, coração apertado, sentimento de rejeição, pra num belo dia o causador chegar e dizer (subliminarmente): "Pô, foi mal... enganei-me. Achei que você era um pé-no-saco, mas descobri que só você me agüenta”.
O pior é que isso só acontece quando já se está a mais de meio caminho andado da "cura". Mais feliz, mais tranqüilo, mais “dono-de-si". Geralmente quando se deu espaço pra outra pessoa tentar, ao menos, derrubar as barreiras impostas pelo coração dolorido. Aí, vem a droga do 'radar de ex'. Já falei sobre minha teoria do 'radar de ex'? Não? Pois bem. Vocês nunca se perguntaram como é que uma pessoa que há tempo sequer fala com você, de repente tem uma louca saudade de você? Uma vontade incontida de saber como você está? Um alucinante desejo de ter você por perto novamente? E justamente quando tudo o que você não precisa é a presença dessa pessoa (porque geralmente você está engatando uma nova amizade/namoro/relacionamento). Não perceberam isso? É o radar de 'ex'. É incrivelmente infalível! Eles (os ex) sempre aparecem. E o pior: cheios de amor pra dar! Com aquelas frases que esperamos por tanto tempo pra ouvir de suas bocas, mas que nunca vieram, até ali!
Isso devia ser proibido.
A fila anda!!!! E quem já passou a vez, passou!!!!
Quer ser amigo, sejamos... Cada um na sua.
Tô pedindo demais? É, tô.
Mas não custa nada reclamar, até porque no dia que eu perder a minha capacidade de me indignar com as coisas pode contar... Eu morri.
Não pensem que escrevo esse texto olhando pra fora. Não. Olho pra mim. Olho pras vezes que eu fui a 'ex'. Pras horas em que meu alerta do 'radar de ex' tocou. E penso em ser mais ponderada. Mas também olho também pra fora, para aqueles que não perceberam que o fim dói, mesmo que o sorriso amarelo esteja lá, ainda assim dói.
Ainda assim, dói.
Mas se é verdadeiro, mesmo... Se a saudade foi maior, se a vontade de estar perto for tão grande que valha a pena voltar e pedir 'perdão' ou pedir pra ficar, bom... Imagino que nenhum de nós vá se importar em 'sofrer' um pouco a vingança-natural-da-dor, não é?
Se for o que se quer, voltar, aprenda a ser paciente, a esperar, a perseverar ou até de entender um "não quero mais". Porque também se tem o direito de errar, mas não de fazer sofrer. E pra tudo se tem um preço na vida! As colheitas são sempre certas.
Mas uma coisa tenho certeza, depois que as 'curas' vêm, tudo fica mais fácil... Até dizer um "até logo" fica mais agradável.

Por que escrevi isso? Sei lá... Pensamentos tardios de uma mente que não aprendeu a parar.

Clau Alexandre

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