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02 fevereiro, 2007

sobre leitura e leitores...


Ah! é... eu estou sendo lida.
Veja que experiência maravilhosamente ímpar!!!
Sem desmerecer minha mais fiel leitora... a Erika (com 'k' e sem acento - eu lembrei, viuuuu!!!!), que me lê todos os dias... mas ela é suspeita, mora no meu coração... faria isso mesmo que só tivesse aqui, dia-a-dia, um quadro pintado de preto extremamente intimista.

Mas sou grata aos que aqui me visitam. E as visitas me fizeram pensar - o que nem é novidade.
Até onde realmente lemos?
Até onde nossa capacidade de leitura ficou estagnada diante da facilidade dá visão?

Mas é bom fazer aqui uma ressalva... não me refero ao tema que preocupa milhares de pedagogos, pais e professores acerca da leitura do texto escrito. Falo antes da capacidade que nós, letrados, perdemos de 'ler' o que está ao nosso redor.

Até onde a pressa, o estresse, a correria diária, nos aprisionou numa cela sem janelas (ou seria numa caverna com sombras*)?

Será que a facilidade de simplesmente 'ver' o que está diante do nosso 'nariz' nos fez incapaz de enxergar o que vai além dos olhos?

Não sendo piegas... mas a máxima “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”** é bem atual e presente.

Essa mania que a vida tem que ser adulta, objetiva e certinha me dá uma agonia na alma. Eu sei que tenho que seguir a multidão, infelizmente sim... ao menos na hora que estou entre eles, no meio do 'gado'. Mas isso não me cauteriza a capacidade de ler o que está comigo, do meu lado, na minha cama, à minha frente, que passa por mim, que me sorri, que me instiga, que me entristece.

Você já leu hoje os olhos de quem você ama?
Você, hoje, já leu o sorriso de quem passou do seu lado?
Você já leu, alguma vez, as lágrimas de quem ainda acredita que há uma esperança, seja lá pelo que for?
Você já leu o 'a cobra que engoliu o elefante' ao invés de ler somente o 'chapéu'***?

Que leiamos mais, livros, revistas, quadrinhos, olhos, boca, pele, cheiro, mãos, sorrisos, lágrimas, língua.
Que deixemos o lugar comum...
Que naveguemos por mares distantes, nas ondas dos olhos para os quais olhamos, com calma, sem pressa...

E depois... ah! Depois... Que o depois venha depois, porque o agora é um livro aberto pronto pra ser lido!


imagem do site http://mundesign.org/

P.S.: Estamos no Orkut!!! Esta, que vos fala, em mais um de seus momentos "descansar carregando pedra", inventou de criar uma comunidade no Orkut. Sabe-se lá se será do tipo "Eu, eu mesmo e Irene" (risos). Mas a quem interessar possa passe lá.

*Alusão à Alegoria da Caverna de Platão.
** Palavras da Raposa ditas ao Pequeno Príncipe. Antoine de Saint-Exupéry.
*** Alusão à um trecho de O Pequeno Príncipe.

Clau...