AO AUSENTE
Cau Alexandre
Ver. Ouvir. Sentir. Degustar.
Na habitual extravagância do querer
À perpétua prisão da fria palavra.
Impassível e doce, cruel e delicada
Inebria, extasia, sugere, fantasia
E por capricho, ri da excêntrica vontade
Que os dedos tem de tocar.
Palavras trocadas, distâncias percorridas
frações de segundos que dilaceram o peito,
Que buscam vencer a distância
Com a finitude de um olhar
Anelo. Anseio. Vontade. Desejo.
Força motriz que impulsiona a vida
Para junto, para perto, próximo.
Uno, entrelaçado, ligado, unido.
Mas na clausura da palavra, só há deserto.
O verbo torpe, sozinho, frívolo e vazio.
Só resta a solidão e mais nada.
Da letra fria e conformada nasceram sonhos
Enleios doces e ambição sublimes
O apetite lascivos e desejo contido,
Preso, acorrentado, cercados, encarcerados na palavra
Palavra sem rosto, sem cheiro, sem sabor.
Palavra ilusória, delirante, extasiante.
Cruel algoz e particular amiga.
Ajudai-me a vencer pior inimigo!
A distância.