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24 fevereiro, 2005

Em mim...

"A gente escreve para despistar a morte e destruir os fantasmas 
que nos afligem, por dentro"
Eduardo Galeano

EM MIM...

Cau Alexandre

Em mim, na bruma do meu sonho te vi.

Vi-te sentado entre as pedras que rodeavam o jardim do meu devaneio

Olhavas para mim com um olhar doce e distante, como um delírio que não tem fim

Cheguei perto e sentei-me ao teu lado e te inclinastes para mim, como quem quer sentir o perfume dos meus cabelos

A imagem desse momento não me sai da cabeça

Teus olhos fechados, boca semicerrada. Tão perto... Tão perto... Tão perto.

Procuro teu rosto com uma dúvida dilacerante. Como pode estar tão perto?... Como?

Permito que sintas meu perfume, em troca de tua presença

Teus olhos se abrem, encontram os meus, encontram a minha alma

Também sendo a tua, esqueço-me de tudo em volta, esqueço-me do mundo, esqueço-me de mim... E vejo... E sorrio... Pois vejo a mim em ti

E num reflexo repentino vejo teu sorriso

E nas únicas palavras deste momento, sussurradas e suaves como o vento, dizes:

“Vi-me dentro de ti”...

Assim acordei...

Com a certeza ainda mais certa

Que tu não habitas só na bruma do meu sonho

Estás incrustado em mim...