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22 fevereiro, 2007

Pagu... Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo

COCO DE PAGU

Raul Bopp

Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-côco quando passa.
Coração pega a bater.


Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.


Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.


Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.


Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.


Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.


Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.


Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

PAGU

(Rita Lee / Zélia Duncan)

Mexo, remexo na inquisição.
Só quem já morreu na fogueira,
sabe o que é ser carvão.
Eu sou pau pra toda obra,
Deus dá asas à minha cobra.
Minha força não é bruta,
não sou freira nem sou puta.

Nem toda feiticeira é corcunda,
nem toda brasileira é bunda.
Meu peito não é de silicone,
sou mais macho que muito homem.

Sou rainha do meu tanque,
sou pagu indignada no palanque.
Fama de porra-louca, tudo bem,
minha mãe é Maria ninguém.

Não sou atriz, modelo, dançarina.
Meu buraco é mais em cima.

*Diz Lúcia Teixeira Furlani sobre Pagu: “mesmo sem ter desenvolvido uma carreira artística, foi uma personalidade rara, rebelde e inovadora na vida, na arte e na cultura, em todos esses domínios: jornalismo, poesia, romance, desenho, crítica de artes, política militante, dissidência política. Além de incentivadora da cultura, foi mulher precursora”.