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14 setembro, 2010

Movimento...


O MOVER DO RIO

Cau Alexandre

Doces as horas fluidas
No rio dos muitos encontros
em braços de água mansa
Envolvem a pedra calma
num abraço aconchegante

E passa

E a pedra, suavemente abraçada
suspira, enleva-se e sonha
Enamorada no calor do enlace
No furtivo encontro
De perene encanto

E descansa

Até que um dia, a pedra
tão docemente abraçada
percebe que livre está
da terra que a segura
E a água fluida que passa
move-lhe de lugar

E leva

E livre, passa a rolar
a pedra rio à fora
mar à dentro
infinito à vista

Livre

Mas já não se sente abraçada
E o vasto mundo lhe consome
E a saudade da água mansa do rio
corrói sua alma de pedra

E chora

Mas já não há igual momento
o tempo é outro...
a corrente muda...
e fica só a saudade
do abraço frio
das águas tranquilas
do mover do rio.