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28 fevereiro, 2007

Explicação...

Adoro explicar coisas... dentro do instinto literário ainda o científico me enche os olhos. Por isso alguns me alucinam, como Freud (mesmo que haja coisa que nem Freud explique). Adoro ver significados e o brilho nos meus olhos quando aprendo e posso explicar pra alguém.
Entretando, odeio explicar a mim. Acho temeroso me definir e por isso me redefino a cada dia.
Fui ontem o que hoje já não sou e amanhã sabe Deus o que eu vou. A rotina entedia e a me aborrece.
Mas ainda há coisas que precisam de explicação. Principalmente quando as entrelinhas são tão profundas.
Sendo assim, explico-me.

Paixão.
E do nada sinto o coração bater mais forte. E sorrio quando vejo perto. Os olhos brilham, a cabeça se enche de pequenas e doces fantasias. É um doce momento. Pensar... querer... sonhar.
Mas eu já não acredito. Já não vejo meu nome nas entrelinhas e aos poucos percebo que foi a minha ilusão que me cegou os olhos. Entre tantas não era eu. Eu queria ver... mas não era.
Abri minha alma, expus a mim e meu sentimento e senti-me nua.
E agora me sinto estúpida.
Como não vi que aquela foto não era minha?
Nem que na cor dos olhos não refletia minha imagem.
Como a ilusão das palavras nos cegam. Como fui tão cega?
Talvez quando queremos que seja, vemos o que não está lá.
Entrelinhas profundas onde cada um vê o quer ver.
Não há realmente explicação a ser dada, mas confesso que chorei, tanto pela morte da minha doce ilusão quanto pelo descaso com a lágrima que caia. Tão transparente e translúcida, chorei na sua frente e ele sequer soube.
Há uma possibilidade... eu tornei-me incrédula. Deve ser essa minha inabilidade em jogar com o sentimento alheio.
No fim, não há culpados, há cegos. Os que não vêem, os que não conseguem ver e os que vêem, mas preferem não olhar.
Então perdoem as explicações. Pois quando falam em jaulas de exposição, vejo aqui minha caverna das sombras, meu mundo de idéias, meu mar de palavras.
E se me expus... dou-me ao menos o direito de fazer isso em monólogo... pois odiaria ter que me 're-explicar'.
Amanhã voltamos aos textos menos melosos, às metáforas da vida e às imagens ilustrativas. Hoje não me sinto à vontade.

por Cau Alexandre